Escaparate de Loriga
Esta madrugada, lá para as bandas do Chão do Soito, sito na
vila de Loriga, por entre uma densa e conspiradora neblina, uma esfaimada e ardilosa
raposa tomou rompantemente de assalto uma segura e sólida capoeira. O canídeo, logo
que se viu rodeado de tão apetecíveis iguarias, atirou-se de imediato ao lauto
banquete, e, sem dó nem piedade, tragou de enfiada quatro galinhas. No meio de
todo o alarido, confusão e pânico que se instalaram dentro da casinhola dos galináceos,
há a registar a morte do galo por enfarte do miocárdio e o pisoteamento de uma
dezena de pintainhos. Toda a restante galinhada foi depois com rigor
profissional estraçalhada pela raposa, já consoladamente saciada. Perante este
cenário horripilante, muitos dos ovos, que entre o emaranhado das palhinhas e num
silêncio tumular presenciaram o sanguinário acto da raposa, ficaram tal e qual como
já estavam nos momentos que antecederam a funesta invasão desta, ou seja,
ficaram chocados.
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