terça-feira, 7 de maio de 2013

Louvor da Jeropiga




Dois compadres de longa data, dois entendidos e esmerados apreciadores da bebezaina, numa pequena adega, lá para os lados de nenhures, em plena Beira Baixa, saboreando o resultado final das veneráveis alquimias do mosto e da aguardente.  
Um sonoro e tilintante brinde dá início à liturgia da entorna.
- “Huuummm! Que fabulosa jeropinga! Sim, senhor! Saiu-lhe mais sagrada que a Nossa Senhora! Pinga no estômago como chocolate, compadre! Mas que fabulosa jeropinga, caneco! Nem sabe a preciosidade que aqui tem na capela.”  
Depois de minuciosamente escorropichados copo e garrafa, um tanto emocionado pela  graça concedida por Baco, outro tanto inspirado pelos vapores do esplêndido néctar, rematou numa toada de ornatos oratórios:
- “C’um caneco! Esta pinga é daquelas que põe a alma a assobiar e o esqueleto a dançar. Abra outra, compadre, para comemorarmos: o precioso acontecimento bem o merece. Bote aí. “

dinismoura

Sem comentários:

Enviar um comentário