segunda-feira, 24 de junho de 2013
sexta-feira, 21 de junho de 2013
Relíquias da minha autocensura
QUERIDO DIÁRIO: Hoje
estou num daqueles dias em que tenho uma vontade incontrolável de mandar-te à merda, inclusive àqueles
que irão ler isto.
sexta-feira, 7 de junho de 2013
Coisas e loisas aqui do burgo
Acabo de ler no wort.lu que o Islão é a segunda religião no
Luxemburgo. Confesso que a novidade logrou convocar todo o meu espanto. Eu tinha
para mim, isto empiricamente, como é óbvio (não tenho por hábito ler as mijadas
dessa autora, essa tal estatística), que a segunda religião do Luxemburgo eram
os carraços alemães, percentualmente precedida, coisa ligeira, pelo dinheiro, religião
oficial do burgo. E eu que numa conversa há dias tinha dito a um amigo meu
americano que os templos com maior número de fiéis neste país eram os stands da
BMW… Cada vez mais estes 2 586 km² me surpreendem.
quarta-feira, 5 de junho de 2013
8:30 – 9:00
Entre
as oito e meia e as nove horas da manhã, seja nas movimentadas e esfumaçadas
paragens na Place Hamilius, seja nas arejadas e arrojadas paragens na abside do
Plateau de Kirchberg, nesses trinta minutos de copiosos desembarques, é que é
vê-los a rumarem às oficinas onde se arranja a massa, às carpintarias onde se
carpinteja o tostão, aos laboratórios onde se sintetiza o carcanhol, às
lavouras onde se cultiva o cacau, às fundições onde se funde a guita, às
escolas onde se ensina o money, às clínicas onde se trata a grana. É que é
vê-los, esses macacos enfiados em fatos-homens, esses empregados de magistrais
larápios, esses lavadeiros, hábeis lavadeiros, a rumarem aos lavadouros onde se
lava o dinheiro sujo: dinheiro sujo de crimes limpos, dinheiro sujo de limpezas
bem sucedidas.
Entre
as oito e meia e as nove horas da manhã, depois de passarem por nós, esses
condecorados com coloridas tiras de seda, esses colaboradores das potestades da
finança, engolfam-se num outro mundo: um mundo apinhado de fabulosos parques de
diversão onde se brinca constantemente com dinheiro. Há também casinos,
soberbos casinos onde se apostam diariamente fortunas, que, depois de tratadas
por manápulas detentoras de sortilégios de Rei Midas, são por conseguinte generosamente
distribuídas por todos – todos os magistrais larápios, obviamente.
Entre
as oito e meia e as nove horas da manhã, depois de passarem por nós, estes
enfatiotados, pardacentemente enfatiotados, de mala na mão, sacola que contém
as ferramentas da ganância e o farnel com que nutrem a usurpação, entram em
minúsculas bolsas de valores, minúsculas apenas no tamanho, e investem o
sofrimento, a dor, a infelicidade e a fome de milhares de mulheres, homens e
crianças.
Entre
as oito e meia e as nove horas da manhã, assiste-se no Luxemburgo ao inominável
desfile destes seres grotescos e anatomicamente diferentes – em lugar de trazerem
o coração no tórax, trazem-no na algibeira da fatiota.
Neste país, onde proceder destarte é
considerado sensato, útil, importante, e ademais demonstra competitividade, desenvolvimento
e competência (ou não fosse o Luxemburgo um gabarolas que, quando lhe convém,
adora emoldurar o chorudo número da estatística e exibi-lo na cena
internacional – o seu PIB, essa valiosa tela, é um conspícuo exemplo), estes
seres são tidos em alto apreço mesmo pela classe política, visto que sem eles
não haveria quem lubrificasse as entrosas, quem substituísse os parafusos e as
correias dos mecanismos que sustêm este paraíso, isto falando em termos
fiscais, evidentemente. Tudo isto, à luz daquilo que não logramos compreender,
é naturalmente compreensível. As fontes não são só úteis a quem procura saciar
a sede.
Entre
esses trinta minutos que separam as oito e meia das nove horas, assiste-se no Luxemburgo
à breve transumância destas ovelhas negras, que de chocalhos silenciosos ao
pescoço e orientadas por ausentes mas bem presentes pastores se dirigem para os
respectivos estábulos. Nós, que amiúde passamos por elas, estas ovelhas negras,
limitamo-nos a olhar para elas como quem não olha, não sabe ou não quer olhar.
segunda-feira, 3 de junho de 2013
Dieta da azeitona
Empolgado pela última novidade da dietética, decidi experimentar esse
novo conceito que está a fazer furor um pouco por toda a parte. Falo da Dieta
da Azeitona. Não vou entrar em pormenores sobre os métodos e resultados deste
regime alimentar. Neste caso creio que uma ida ao Google será mais
esclarecedora. No que diz respeito à minha pessoa, devo confessar que por norma
não sou um grande aficionado destas manias, no entanto a minha curiosidade e
silhueta conseguiram convencer-me. Os resultados não se fizeram esperar: em
três semanas perdi a chave de casa, perdi três vezes o autocarro para o
trabalho, perdi dois episódios da minha série preferida, perdi a vontade de
fazer dieta, e, para finalizar, perdi a paciência com os caprichos da minha
balança. Espatifei-a. Nos próximos dois anos as azeitonas estão interditas de
frequentarem o meu sistema digestivo. Entretanto anteontem comecei a dieta do
pastel de nata. Tenho-me consolado.
domingo, 2 de junho de 2013
Fait divers
A crise portuguesa vai ser capa da "Playboy" no mês de Julho. A sessão fotográfica da menina dos nossos olhos decorrerá na Assembleia da República. Serão quinze páginas em que iremos vê-la totalmente descascadinha.
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