domingo, 7 de outubro de 2012

Indignação em Transbordo




Carta Aberta ao Exmo. Senhor Primeiro-Ministro

Exmo. Senhor Primeiro-Ministro, e, já agora, restantes membros do insuportável e execrando executivo,

Depois de aturadíssima ponderação, acredite que não é nada fácil dirigirmo-nos ao algoz que pretende decapitar-nos, tomei a liberdade, impulsionado por uma explosiva mescla de exaspero, inquietação, raiva, desalento, indignação, mágoa e tristeza, de redigir uma curta missiva a V. Exa., porém, convém mencionar, esclarecer, não tão curta quanto as suas ideias político-governativas.
Resolvi escrever-lhe não por acreditar que minhas palavras irão surtir qualquer efeito junto de suas opiniões e convicções, que eu suponho solidamente inabaláveis e ininfluenciáveis, mas antes para aliviar uma carga incontida que me dilacera continuamente, e, outrossim, óbvia e naturalmente, para ficar de bem com a minha consciência.
Antes de dar seguimento à missiva, gostaria de apresentar-me, pois sou daqueles que em situações deste jaez jamais permanecem detrás do reposteiro do anonimato. O meu nome é Portugal, tenho mais de oitocentos anos, nasci e vivo num dos mais belos pedaços de terra do Velho Continente, sou pai e mãe de mais de dez milhões de filhos – de homens e mulheres que trabalham arduamente e pagam as suas contas e impostos religiosamente, que todos os dias fazem sacrifícios em prol de uma austeridade cruel, inapropriada, disparatada, obtusamente imposta, adversa aos mais fundamentais e básicos ditames em matéria de crescimento económico e empregatício; sou pai e mãe de mais de dez milhões de filhos, de homens e mulheres que estão fartíssimos dos seus devaneios, incongruências, parvoíces, mentiras, atentados, abusos e erros – em suma, fartíssimos do seu carácter, da sua pancada neoliberal, da sua incompetência, fartíssimos da sua figura desde a ponta dos pododáctilos até à ponta dos cabelos.
Ultimamente, a minha paciência em relação à política nacional, à sua política, para ser mais claro, só encontra paralelo na paciência que V. Exa. tem para com os problemas que assolam este torrão que o viu nascer, ou seja, nenhuma. Contudo, mesmo assim, e ao contrário de V. Exa., que ignora e despreza tudo o que se passa “deste lado”, eu faço por acompanhar, naquilo que me é possível aceder e examinar, tudo o que se passa “desse lado”. Deste modo, embora não me considere de todo um experto na matéria, sou pelo menos alguém com clarividência e discernimento suficientes para auscultar e compreender os meandros da labuta político-governativa nacional.
Atente nisto, Sr. Primeiro-Ministro: a totalidade dos compêndios de ciências políticas diz-nos que o dever e missão de todo e qualquer governante é zelar e salvaguardar os interesses do seu país e do seu povo nas suas vertentes económicas, sociais, culturais e humanas, principalmente. Ora, analisando, grosso modo, o percurso de V. Exa. desde o seu empossamento até ontem à tarde, este primou, não por aquilo que preconizam os respectivos compêndios, mas por algo resolutamente afincado nos seus antípodas. V. Exa zelou pelos seus interesses, pelos interesses daqueles que o rodeiam e bajulam, salvaguardou os interesses de uma súcia empresarial extorsiva, de grupos financeiros trapaceiros, desprezou a estabilização das finanças, despromoveu o crescimento económico, menoscabou a situação da Segurança Social e marimbou-se para as pequenas e médias empresas. V. Exa., no fundo, ignorou o país e os meus filhos. Trocando isto por miúdos, V. Exa, segundo o que vem estipulado nas páginas dos compêndios supra-referidos, pura e simplesmente passou todo este precioso tempo a desgovernar.
Senhor Primeiro-Ministro, consegue imaginar um país onde os professores desensinassem, os médicos debilitassem e adoecessem as pessoas, as construtoras destruíssem máquinas e os legisladores desfizessem leis? Quanto tempo levaria este país a percorrer o seu penoso caminho até ao definhamento definitivo? Uma geração bastaria, estou convicto. E já agora, Sr. Ministro, consegue imaginar um país com um governador cuja função precípua se limitasse pura e simplesmente a desgovernar? A priori, dir-se-ia que nem o espírito mais kafkiano conseguiria na sua fantasia conceber assim um país. Mas tal não acontece. Não precisamos recorrer aos domínios da imaginação – contemplemos algo mais à mão, concreto, alcançável: a realidade nacional. É verdade, Sr. Primeiro-Ministro, esse país existe: é o seu;  o governante também: é V. Exa. Este pequeno facto, por si só, vai desde já assegurar-lhe um lugar nas páginas da nossa História, conquanto, tenho para mim como certo, esse lugar ficará tristemente confinado a uma ínfima e mísera nota de rodapé, porque é para o fundo de uma página que o povo e os historiadores vão atirá-lo. O que me constrange é que eu sei que nada disto o afecta – “é para o lado que dorme melhor”, como o diz perspicazmente o jargão popular.
O senhor e a sua trupe são os altores do descalabro social, económico e financeiro que assola a nação. A crise, um bicharoco já de si nutrido, robusto, vê-se de dia para dia cada vez mais fortalecido, resistente, isto porque este (des)governo insiste em nutri-lo, exercitá-lo, cuidá-lo esmeradamente para que o dito se torne mais vigoroso e inderrubável.   Mas Vs. Exas. numa coisa têm mérito, e há que reconhecê-lo, confesso. Lograram, e isso é notável, através meramente de estratagemas sujos, erros deliberados e jogos de interesses, quase arrasar o país, algo que outros não conseguiriam nem recorrendo ao uso de bombas potentes. Este (des)governo arruinou famílias, destruiu instituições, arrasou empresas, demoliu escolas. Muitas vezes um simples e sorrateiro rabisco num papel provoca mais danos no seio de uma sociedade do que uma descarga de milhentas bombas. – É a lastimável ciranda dos nefastos políticos, políticas e politicalhas nacionais.
Senhor Primeiro-Ministro, a maior parte das empresas exportadoras não consegue escoar os seu produtos, uma vez que que os potenciais consumidores estão com as algibeiras vácuas. Assim sendo, é mais do que elementar que os portugueses, cada vez mais a disporem de orçamentos parcos, jamais contribuirão para o aumento do consumo. Contribuirão, disso estou plenamente convicto, e V. Exa. também (embora, por motivos que transcendem a minha percepção, não o manifeste), para o aprofundar da recessão económica. O efeito da sua infeliz e estapafúrdia manobra será irreversivelmente contraproducente. E não é necessário vir um economista iluminado demonstrar isso. Isto não o preocupa, Senhor Primeiro-Ministro?
Senhor Primeiro-Ministro, milhares de portugueses estão na penúria, outros tantos à beira dela, e outros ainda aproximam-se dela a passos largos, tudo num cenário de desigualdades sociais cada vez mais profundas e notórias. Isto não o preocupa, Senhor Primeiro-Ministro?
Senhor Primeiro-Ministro, diariamente dão entrada nos nossos tribunais dezenas de pedidos de insolvências familiares, facto que, de per si, causará a médio-longo prazo um ruinoso impacto na economia nacional. Isto não o preocupa, Senhor Primeiro-Ministro?
Senhor Primeiro-Ministro, os gestores continuam a receber absurdamente vencimentos surrealmente milionários; uma grande fatia dos responsáveis pela crise permanece impune; os banqueiros têm os mesmos rendimentos do passado, e alguns viram-nos mesmo até ser aumentados. Isto não o preocupa, Sr. Primeiro-Ministro?
Senhor Primeiro-Ministro, de dia para dia a taxa de desemprego dá galopadas exponenciais, centenas de empresas vêem os seus lucros caírem vertiginosamente, e, por conseguinte, uma grande percentagem delas não tem outro remédio que não fechar as portas, isto num país com uma população cada vez mais idosa e com uma taxa de natalidade cada vez mais pequena. Isto não o preocupa, Senhor Primeiro-Ministro?
Senhor Primeiro-Ministro, os portugueses deixaram de acreditar na classe política, nas promessas jamais cumpridas, deixaram de acreditar nos cortes das gorduras do Estado, deixaram de acreditar na abolição dos excessos que assolam o erário público. Isto não o preocupa, Senhor Primeiro-Ministro?
Senhor Primeiro-Ministro, uma larga faixa da juventude portuguesa tem um curso, fez um mestrado, tem boas aptidões, fala mais que uma língua, domina as novas tecnologias, mas não tem emprego, vive com os pais... Nos tempos que correm, para este valiosíssimo quinhão, ter uma boa formação, paradoxalmente, não é uma vantagem, é, ao invés, um desespero. Se o país não responder atempadamente, toda esta geração se perderá. Isto não o preocupa, Senhor Primeiro-Ministro?
Senhor Primeiro-Ministro, nunca este país em todo o seu historial teve tantos profissionais altamente qualificados como nos dias que correm, todavia, estes só têm encontrado como caminho para a sua realização pessoal e profissional a emigração, uma emigração forçada, saliente-se. Isso não o preocupa, Senhor Primeiro-Ministro? Este país está a deixar partir para outras terras uma geração com um potencial incomensurável, o qual será aproveitado por economias que os valorizarão, saberão encaminhar e, obviamente, tirar partido dos seus conhecimentos. Caramba, Senhor Primeiro-Ministro, isto não o preocupa?
Muito honestamente, Senhor Primeiro-Ministro, este país teima em não sair deste estado comatoso, encalacrado, deplorável, o seu (des)governo não sabe o que anda a fazer, não tem referências sãs, desconhece os caminhos que conduzem à prosperidade, revela invariavelmente uma incapacidade de tomada de medidas sérias e congruentes, falha constantemente em todos os planos (exceptue-se, naturalmente, o concernente às negociatas, às combinações, às tachadas, aos oportunismos), inventa do dia para a noite desculpas e explicacões sem fundamento,  vive  numa malga recheada de manobras indecentes, indícios  evidentes de corrupção, escândalos, tudo, como preconizam os melhores receituários para deitar abaixo um país, acompanhado de uma máquina judicial lentissima, cujos manobradores lhes apraz encravar subtilmente. Ora bolas, Senhor Primeiro-Ministro, isto não o dilacera?
Sr. Primeiro-Ministro, eu sei perfeitamente o quanto as famílias, as pessoas, as instituições e o poder central se habituaram a viver acima das suas possibilidades nestes últimos anos. O dinheirinho fácil obtido de permissivos e facilitadores financiamentos foi esbanjado, do lado da administração pública, em devaneios e extravagâncias inauditas, sem qualquer ponderação do rácio custo/proveito. Os babilónicos estádios e as faraónicas auto-estradas são a prova cabal, demostrativa e material disso mesmo. Do lado das famílias, olhe-se para o que foi a desenfreada compra de bens. Adquiriram-se casas a preços manifestamente hiperinflacionados, “topos de gama” muitas das vezes desajustados às respectivas posses, telemóveis, computadores, muitas viagens, e uma interminável profusão de pequenas excentricidades, luxos e quinquilharias. Como em tudo na vida, no final vem sempre um cobrador exigir-nos a pecúnia relativa à factura. Ena! E que factura! São os reveses da fortuna, Sr. Primeiro-Ministro… Não sei se já tinha notado, mas o “bom aluno europeu”, que durante anos sempre surgiu no quadro de honra, em concomitância com os parceiros, não passa hoje de um “cábulas”. E V. Exa sabe melhor do que eu o quanto nos fartamos de cabular. Que tenebrosidade, que aflição. Concorda comigo, Sr. Primeiro-Ministro? Tem de concordar.
Sim, Senhor Primeiro-Ministro, eu também sei perfeitamente que foi na derradeira fase de pagar a “dolorosa” que V. Exa foi eleito. Teve de arcar com este pesado fardo, devo reconhecer, o qual, amiúde, e compreensivelmente, faz questão de expressar nos seus discursos e “blá-blá-blás” quando manifesta essa torturante dor no espinhaço. Mas convenhamos, Sr. Primeiro-Ministro: o que é essa dor comparada com o reumatismo, a artrite, as tendinites e a colecção de síndromes que os portugueses padecem não só no corpo mas também na alma e na carteira?
Numa das suas muitas mirabolantes tiradas, V. Exa. referiu que “não existem curas rápidas”. Daqui só retiro uma conclusão: a de que a convalescença vai ser longuíssima. Deixe os seus aposentos por instantes, desça à rua, fale com os portugueses: melhor farmácia que esta não vai encontrar, creia. Nas suas prateleiras os portugueses têm uma panóplia de eficazes remédios. Acabe com certas (a)fundações, acabe com as parcerias público-privadas, aumente os salários, quer para os que trabalham na função pública quer para os que trabalham no sector privado, baixe os impostos, peça aos ricalhaços, àqueles que auferem 20, 50 e até 100.000 euros por mês! uma comparticipação especial, elimine aquelas famosas gordurinhas a mais na silhueta do Estado –  serão, entre muitos outros, os remédios que de imediato prescrever-lhe-ão os argutos receitantes que certamente encontrará.
Sr. Primeiro-Ministro, eu seria um país melhor, com filhos mais sorridentes, felizes, realizados, confiantes, se o senhor e os da sua laia escolhessem a Sibéria como terra de destino e morada vitalícia. Sr. Primeiro-Ministro, este país não precisa de pessoas como o senhor e os do seu entourage. O país precisa, isso sim, e urgentemente, de homens com um H do tamanho dos grandes homens da nossa grande História. Sr. Primeiro-Ministro, este país, que o senhor gere como um azeiteiro gere umas bombas de combustível, não precisa desses apertos de cinto, dessa parafernália de sacrifícios, desses insanos e contínuos pacotes de austeridade que o senhor borca na vivência dos seus compatrícios.
Sr. Primeiro-Ministro, por quem é, demita-se, vá para um mosteiro budista, ingresse num circo ambulante, abra uma gelataria, forme uma banda de heavy metal, mas, por favor, imploro-lhe, deixe para bem deste país, dos seus cidadãos e da própria política a confortável cadeirinha do poder. Neste país existem muitos políticos excelentes, superiormente dotados, inteirados da situação, com poder de análise, acção e liderança, verdadeiros e competentes timoneiros aptos para levar esta debilitada embarcação a bom porto. Passe o testemunho a um verdadeiro, diligente, sincero, competente e íntegro político. Sr. Primeiro-Ministro, seja condescendente com o que venho de pedir-lhe e ceda a esta minha aspiração como cede às imposições e exigências da troika. Se anuir ao meu pedido, garanto-lhe, muito seguramente, que a grandíssima maioria dos portugueses acolherá muitíssimo consolada e regozijada aquele que será unanimemente considerado o seu maior feito enquanto político, um feito que será lembrado e celebrado per saecula saeculorum. Ademais subirá na minha consideração – passará de nível C (sem interesse) a BBB (qualidade média).
Em ralação à troika, Sr. Primeiro-Ministro, a minha opinião não diverge em nada daquela que defendem os meus filhos – o país não precisa da troika, precisa, isso sim, de uma parente afastada, e que certamente já ouviu falar: a perestroika. Este vocábulo, só a título de curiosidade, significa reestruturação. Ora, eis o que este país precisa – uma reestruturação, uma reestruturação urgente e o mais abrangente e profunda possível. Proponho, para começar, uma imediata, total e eficaz desratização da política nacional, do seu executivo, bem como de algumas empresas e instituições comilonas. Em seguida convoquem-se debates, sessões de esclarecimento, referendos, sufrágios. O restante, estou totalmente convicto, virá por acréscimo – e será decerto algo melhor do que o espalhafatoso circo que nas últimas décadas os nossos governantes, gestores, administradores e afins nos têm proporcionado. E, antes que esqueça, a reestruturação em causa, pequeno detalhe não despiciendo, deverá ser efectuada com V. Exa. longe daqui, na Sibéria, sem telefone, internet, papel e caneta, não vá porventura lembrar-se de transmitir algumas das suas dicas a algum novo membro do governo.
Numa sociedade como a actual, em que tudo está estruturado de forma a dar o mais adequado e eficiente tratamento àqueles que por as mais variadas razões apresentam algum tipo de anomalia ou alteração, seja física ou psíquica, existem instituições e estabelecimentos próprios, competentes e aptos que se ocupam dessas pessoas. Assim, os doentes são enviados para o hospital, os malucos para o manicómio, os ladrões para a prisão, os desajustados para uma casa de inserção social. Pois bem, sucede que V. Exa é doente, maluco, ladrão e desajustado. É, portanto, legitimíssimo e pertinente colocar a questão: para onde se haverá de enviar V. Exa.? Eu por mim só conheço um lugar onde talvez se consigam reunir todas as condições necessárias e adequadas à sua peculiar terapêutica: o planeta Saturno. Não sei nem imagino o custo de uma viagem até tão longínqua paragem, mas deve ser bastante superior ao que o governo despende com a saúde dos portugueses, e além do mais, a estadia, a alimentação e o internamento deverão por certo atingir cifras astronómicas. Pois, e mais uma vez lá teria o pobre contribuinte português de “chegar-se à frente” para custear tão oneroso dispêndio. Pensando melhor, fiquemos pela Sibéria. O que acha, Sr. Primeiro- Ministro?
A não ser que V. Exa. seja extraordinariamente dotado de uma intelecção superior e esteja inteiramente certo do fim do mundo pressagiado pelos maias para dia 21 de Dezembro de 2012. Para quê entregar-se a tamanha faina e inundar a cabeça com tais preocupações, se todos vamos passar desta para melhor ainda antes do final do ano? Se assim for, Sr. Primeiro-Ministro, eu também estou consigo. Que se dane o país, vamos é enjorcar umas boas cervejolas, empanturrarmo-nos de deliciosos petiscos e, entre pândegas e extremas-unções, aguardar a fatídica data.
Na hipótese de V. Exa. tencionar ouvir e dar vazão ao clamor público, e sequentemente efectuar uma total reviravolta nas linhas de orientação política que norteiam o rumo governativo deste executivo, então permita-me uma pequena adenda à missiva.
Senhor Primeiro-Ministro, mais do que nunca, precisamos de políticas ansiosas, coerentes, justas e vitalizadoras, de soluções práticas e frutíferas, de uma fecunda injecção de confiança, esperança, optimismo e ânimo no espírito dos cidadãos, de uma dinâmica positiva, mobilizadora e estimulante que vá no sentido de impulsionar as nossas qualidades, valias e competências, bem como no sentido de superar debilidades de fundo há muito instaladas. Precisamos de conjugar esforços numa espécie de pacto nacional em que todos, entreajudando-nos, deveremos dar o melhor de nós para colmatar as fragilidades que afligem os nossos vários sectores. Precisamos pôr de lado definitivamente as terapêuticas generalistas e os modelos anacrónicos e desajustados, para substituí-los, o mais rápido possível e sem as típicas hesitações, por modelos alternativos e terapêuticas específicas e adequadas ao nosso tecido produtivo, tudo de modo a fomentar a produtividade e a competitividade. Senhor Primeiro-Ministro, mais do que nunca, precisamos de V. Exa. para que exerça a sua influência junto do Governo, com o fito de dar voz ao desmedido descontentamento dos portugueses, em resultado das políticas desvairadas seguidas por este Governo.  
Antes de dar por finda esta missiva, acredite que não estava nas minhas intenções alongar-me assim neste rosário (quando se trata dos meus filhos, a insistência e a perseverança são mais pertinazes e fortes do que eu), peço-lhe encarecidamente que leia, releia, digira, pense e repense no que venho de expor-lhe; seguidamente, recomendo-lhe um pouco de ioga ou tai-chi-chuan; finalmente, entranhe tudo isto, delibere, intervenha e aja, isto caso ainda os tenha no sítio. Falo, obviamente, dos seus atributos políticos, executivos e governativos.
A manter a actual directriz de política económica, e caso insista na sua continuidade, asseguro-lhe que as novas derrocadas nas contas não se farão esperar, e tudo isto, fatal e naturalmente, dará em águas de bacalhau.
Exmo. Sr. Primeiro-Ministro, faça por levar em consideração o essencial das ideias aqui expostas, que mais não são do que um ténue murmúrio de um estridente vozeio eivado de indignação, descontentamento, sofrimento e tristeza que varre o país.
Exmo. Sr. Primeiro-Ministro, não deixe que aquela minúscula luz ainda a reluzir ao fundo do túnel se apague. Imploro-lhe, rogo-lhe, porque sei que pedir não basta.

Com os melhores cumprimentos,
Muito pesaroso e exasperado, subscrevo-me,
Portugal                                                                                          

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