domingo, 4 de novembro de 2012

Escarninhas Constatações



Escarninhas Constatações XI




Este governo padece de um gravíssimo distúrbio político: não percebe patavina de governança. Tal distúrbio tem a particularidade de afectar directamente a maior parte dos portugueses, no entanto, e isto é claramente gravíssimo, e inclusive compreensivelmente paradoxal, não tem afectado qualquer membro do corpo governativo. E o mais doloroso, atormentador e agónico deste transtorno é que não existe neste mundo nem nas suas proximidades um médico com aptidão bastante para curá-lo. Precisamos decididamente de um milagre, de um milagre excepcional, um de magnitude muito superior àqueles que encontramos na Bíblia, tão simplesmente. Mas tal façanha exige um ente supina e divinamente dotado, um excelente conhecedor da nossa conjuntura e em quem concorram aptidões e competências económicas, políticas, mas sobretudo transcendentais. Ademais, exige-se disponibilidade total e imediata. Obviamente não estou a referir-me a Nossas Senhoras ou Santos. Divindades tais não possuem a estaleca necessária para materializar tamanha e exigente empresa. Dentre toda a corte celestial, talvez só Deus será capaz de valer-nos. 
Expulsemos de vez a Troika e, sursum corda, convoquemos Deus.
Acresce, todavia, que nestes últimos tempos, infelicidade desconcertante, de patente lusa, saliente-se, Deus tem insistindo infantilmente em fazer ouvidos moucos a todos os pedidos que emanam de nossas bocas. Ao que tudo indica só um grande milagre poderá sanar-lhe esta incompreensível e rabugenta surdez. Pergunto: mas quem será capaz de tal proeza? O esquecidiço Pai-Natal? A caiserista Merkl? O impotente Menino-Jesus? O inseguro António Seguro? O mole Durão Barroso? Algo me diz que estamos irremediavelmente condenados a esta intrincada e irresolúvel via crúcis. Ámen.

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