Escarninhas Constatações XII
Os nossos governantes
só sabem dar-nos música. E, quais criancinhas a quem dão pela primeira vez um
guizo para as mãos, estão a ficar infantilmente deslumbrados e entusiasmados
com a palete de sonoridades que logram obter. Por isso insistem e reinsistem na
chinfrineira. Um aborrecimento. Mas a música é desarmoniosa, oca, desestruturada, desafinada,
desarmónica, malsoante, repetitiva, entediante, monocórdica. Um aborrecimento. No fundo, música
da mais péssima, desastrosa e repugnante qualidade. Pessoalmente detesto, tenho
vontade de enfiar a cada um deles uma bateria pela goela abaixo. O mais
desconcertante em tudo isto é que estes charangueiros estão a pensar lançar um
álbum duplo com todo aquele excrementoso e irritante material. E como neste
país já se tornou moda o acompanhamento de uma má notícia por outra
superiormente pior, o bando está prestes a anunciar uma extensa série de
concertos pelo país, com início já no próximo mês e com término lá para o final
do ano que vem. Mal soube destas novidades, acorri de imediato a um
especialista, tudo numa lógica de prevenção, pois já não é a primeira vez que
dou comigo a cantarolar ou assobiar uma música que detesto, decerto porque a
mesma passa com abusada insistência nas rádios e na TV, o que acaba por invadir
sorrateira e despercebidamente a nossa mente, e consequentemente achocalhar os nossos
neurónios. Ora, por essa mesma razão, acabo de colocar um aparelho para
ensurdecer, mas apenas para aquela música que o nosso governo nos dá. Façam
como eu, não permitam que esta charanga se transforme numa espécie de Lady Gaga
(que todos dizem não gostar mas que a maioria ouve com agrado) e venha por aí
com o fito de invadir os nossos gostos musicais e as nossas vidas já de si
repletas de tantos ruídos.
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